A dor, inchaço e aumento da sensibilidade da região escrotal é conhecida no meio médico como escroto agudo, uma condição que merece avaliação de urgência no pronto atendimento principalmente quando os sintomas iniciam subitamente e são persistentes.
A torção de testículo é uma condição aguda que normalmente acomete homens jovens em idade escolar, em que uma anatomia favorável permite a rotação do testículo provocando um quadro de diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo para o testículo e consequente dor. O diagnóstico de torção testicular é realizado principalmente com a realização de um ultrassom com doppler para avaliar a vascularização do testículo doloroso, mas caso não exista o exame disponível a exploração cirúrgica não deve ser postergada em casos suspeitos. Uma forma de tentar diferenciar a dor de origem inflamatória da torção testicular é a manobra de elevação do testículo, onde costuma ocorrer a melhora da dor nos casos inflamatórios, ao passo que nos casos de torção a dor permanece a mesma. Nos casos de torção testicular quanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento cirúrgico maiores serão as chances de preservar o testículo torcido. Estima-se que exista cerca de 20% de chance de ser necessário a remoção do testículo torcido após 6 horas de evolução, passando a 60% após 12 horas e 80% após 24 horas. Mesmo que não seja possível salvar o testículo torcido o paciente deve ser submetido a fixação do outro testículo para evitar que ocorra a torção, uma vez que sua anatomia é favorável à torção.
Os quadros inflamatórios dos testículos são raros na infância e mais comuns na idade adulta. Geralmente a instalação dos sintomas é mais lenta e pode estar associada a febre e queixas urinárias. Os quadros inflamatórios testiculares normalmente são secundários a infecções, mas existe certa dificuldade na identificação dos agentes infecciosos por não ser possível a realização de culturas de material/secreção coletadas diretamente dos testículos. Estatisticamente nos jovens as orquiepididimites estão relacionadas a infecções por germes que provocam doenças sexualmente transmissíveis (uretrites) ou quadros virais (caxumba), enquanto nos homens adultos acima de 35 anos são normalmente provocadas por bactérias que causam infecções do trato urinário. Esses dados ajudam a nortear o tratamento antibiótico, mas é fundamental a realização de uma entrevista clínica minuciosa para identificar fatores que indiquem os prováveis agentes.
A dor testicular crônica é uma doença completamente diferente e muitas vezes um desafio ao urologista pois muitas vezes não é possível identificar uma causa aparente que justifique a dor, sendo necessário o controle do sintoma.
